segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

segunda guerra

''Engraçado como cada coisa tem o seu momento.
Pelo menos comigo acontece assim.
Comprei “A menina que roubava livros” há aproximadamente 1 ano.
Durante uma viagem a Florianópolis.
O comprei mais pela capa, e porque já havia lido seu título em algum lugar. Provavelmente na revista Veja. Talvez.
Mas com certeza conhecia apenas o título. Não tinha noção do conteúdo do livro.
Como a capa era interessante, um desenho bonito e, principalmente, trazia as seguintes palavras “quando a morte decide lhe contar uma história, você deve parar para ouvir”.
Impossível resistir, não?
Acontece que cheguei em casa e, animada, fui me deleitar com o tal livro.
Decepção.
Bem feito!
Precisa ser muito burra para não imaginar que a morte tem fortes argumentos para contar uma história sobre a 2ª Guerra Mundial.
A maldita 2ª Guerra Mundial.
Aquela a qual eu jurei nunca mais destinar um milésimo de atenção.
A mesma que há pouco tempo já me engambelou com “O menino de pijama listrado“.
Mas desta vez não.
Era só um livro.
R$ 30,00, por aí.
Não vale à pena.
Depois de duas tentativas de avançar pelas páginas descritas tão minuciosamente pela morte, ADEUS.
No entanto, meses depois, mais precisamente ontem, decidi vencer mais este desafio.
Afinal, era só um livro. Não poderia ser tão terrível assim.
Resgatei “a menina”, a morte e todas as almas que esta carregava, já pela manhã.
Reiniciei a leitura do ponto mais apropriado. O princípio.
Reli as poucas dolorosas páginas que já havia percorrido.
Desta vez não me rendi.
Li durante todo o dia.
E a noite também.
Faltavam umas 80 páginas apenas quando o sono me venceu. Quase meia-noite. Horário apropriado para encerrar uma narrativa da morte.
Dormi mal.
Acordei e voltei ao livro.
Avancei mais algumas páginas e precisei interromper a leitura.
Há poucas horas pude retomá-la.
Faltava pouco.
E, sinceramente, já não foi nenhum sacrifício. Não precisei mais vencer as páginas, de forma envolvente elas me convidaram a seguir a diante e eu o fiz, agora, com prazer.
As formas que se apresentavam pelas palavras ainda me causaram uma certa repulsa que eu acredito ser proveniente do medo. Medo de gente.
Apenas no final, enchi os olhos de lágrimas em alguns momentos. Mas há alguns anos decidi que não choraria mais pelas vítimas dele (não consigo escrever o nome).
Contive as lágrimas e ouvi a morte até o seu último relato.
Ouvi, sim.
Apesar de ler as palavras, apesar do conteúdo delas me causar repulsa, a narrativa de Markus Zusak é tão terrivelmente envolvente que, em vários momentos, tive a nítida impressão de ouvir a morte sussurar em meus ouvidos.
Não tive medo de ouvir a morte. Ela apenas me contava uma história.
Como eu já disse, tive medo sim, mas medo de gente.
****************
Agradeço à Rafaela e à Cláudia pela dica de que a leitura realmente valia à pena (no sentido literal da expressão).

Capítulo II – O menino do pijama listrado

2ª Guerra Mundial, livros, morte janeiro 10th, 2009

Essa história é relativamente nova, então, se eu pretendesse seguir alguma ordem cronológica, ela deveria aparecer lá no final, mas como escrevo aquilo que tenho vontade, vai essa mesmo.
Antes de contar a história preciso explicar uma característica minha.
Fora a alimentação, me recuso a absorver qualquer coisa que me cause dano.
Em outras palavras: eu como muita porcaria, mas não vejo, por exemplo, filme de terror, porque me tira o sono. É poluição mental, como eu costumo chamar.
Há alguns anos descobri que todos os fatos relacionados à 2ª Guerra Mundial me fazem muito mal.
Depois de assistir a vários filmes sobre o famigerado evento, de sofrer com as atrocidades provenientes do mesmo e me contorcer com a dor dos judeus, resolvi que não me submeteria mais a esta angústia.
A guerra já acabou. As pessoas já morreram. e o que eu tinha para aprender sobre a história toda, pelo menos para sustentar uma conversa de buteco sobre o assunto, eu já sei.
Então… chega de 2ª Guerra Mundial.
Agora que vai começar a minha história.
Alguns dias depois do meu aniversário, em 2008, fomos comer uma pizza com um casal de amigos muito queridos. Resultado: um presente.
- Um livro! Que ótimo! Eu adoro livros (é verdade)! Não precisava se preocupar (que coisa mais besta de se dizer)!
Olhei aquele livro com um título bem bonitinho. Tentei dar uma lida rápida nas orelhas, enquanto todos me olhavam, mas não consegui pescar o assunto. Não importa. Livro sempre é bom!
Terminamos a pizza, jogamos mais um monte de conversa fora (sobre os índios também) e nos despedimos.
Enquanto eu e o meu coadjuvante (nem por isso menos importante) voltávamos para casa, fomos conversando sobre o livro.
- Que legal né. Como eles são atenciosos. E eu adoro livros. Só espero que não seja nada so a 2ª Guerra! Seria muito azar!
- Ai amor, não quero dizer nada, mas pijama listrado tá me lembrando 2ª Guerra.
- Não, não. Era só o que me faltava, porque vou ser obrigada a ler o livro porque ganhei de presente. Da próxima vez que nos encontrarmos terei que comentar sobre o livro, senão fica indelicado. Não é não. Aposto que é sobre outra coisa.
Chegamos em casa.
Meu companheiro de berço foi até o banheiro (o que quer dizer que foi ler uma revista inteira enquanto eu espero no quarto) e aproveitei para começar a ler o livro enquanto isso.
É uma história narrada por um menino de 10 anos (acho que é isso). Ele começa contando sobre um jantar importante na casa dele, com convidados especiais.
Fala também sobre o “fúria”.
E eu achando que o “fúria” era um cachorro. Sei lá. O que mais poderia ser?
Continuei lendo.
Silêncio total!
O “fúria” não era um cachorro. Simplesmente o menina não sabia falar Führer!
Isso mesmo. O próprio. A encarnação do mal. O diabo do Hittler.
Dei um pulo quando me conta disso. Fechei o livro correndo e larguei na cama como se estivesse repleto de aranhas. Senti vontade de chorar.
Que merda!
O livro era sobre o único assunto que eu detestava, que me fazia tanto mal que eu havia jurado nunca mais me interessar por nada que fosse relativo a ele.
Mas era um presente.
Os amigos eram (e são) tão queridos que eu jamais poderia deixar de lê-lo.
Merda²!
Dormi.
Uma semana depois precisei encarar o problema de frente.
Sentei na poltrona da sala e comecei a ler o livro.
Algumas horas depois fui obrigada interromper a leitura. Afazeres domésticos.
No dia seguinte me grudei naquelas páginas novamente e só larguei quando ele não tinha mais nada a me oferecer.
Êta livrinho bom.
Lá pelo final, acho que umas 10 páginas antes de acabar, dá um frio na barriga quando a gente percebe o que vai acontecer.
Quase morri de chorar. Soluçava.
Mas valeu a pena.
Apesar do assunto, AMEI o livro.
É que o menino consegue narrar fatos da guerra sem sequer tocar nos nomes que nos trazem tanta informação ruim.
Tô esperando a Ana crescer um pouco para oferecer o livro a ela.
Acho que é uma boa contribuição."